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terça-feira, 19 de junho de 2012

Critica - Orgulho e Preconceito



Orgulho e Preconceito, adaptação do romance da escritora britânica Jane Austen. Filme assinado por Joe Whight. E um enredo interessante.
Keira Knightley definitivamente tem um ar provincial cativante. Sua expressão, sua entonação de voz, sua postura e atuações, parecem terem sido feitas para filmes de época. E isso é uma cartada que ela parece dominar magistralmente. O filme não exige, contudo dela, nem mesmo de nenhum outro personagem nenhum brilhantismo em suas atuações. Mas ponderação. E isso ela consegue.
Keira é Elisabeth Bennet, segunda filha de um total de cinco, da família Bennet.
No final do século XIX numa Londres aristocrática, a Sra. Bennet passa seus dias e noites junto de seu marido, tentando encontrar maridos para suas cinco filhas. A fim de lhes garantir futuro e riquezas para a família. Uma vez, que se o acaso viesse a morte o Sr. Bennet, elas por serem mulheres não poderiam ter direito a nenhuma herança que pudesse surgir na família. A menos que estejam casadas e constituindo seus próprios bens.
É assim que após um baile arranjado, a filha mais velha, irmã e melhor amiga de Elizabeth, Jane, bela e extremamente bem educada e sensata, acaba por conhecer o jovem, solteiro e rico Sr. Bingley. Junto dele, a família conhece o melhor amigo do jovem Sr. Bingley, o elegante e fechado – muitas vezes presunçoso- Sr.  Darcy. Jane e Bingley logo se apaixonam.  Mas numa época em que classes sociais eram mais evidentes e dadas importância tal qual, credos, raças, cor ou sobrenomes, logo o romance se viu repleto de empecilho. Onde em paralelo a isso surge o envolvimento arquetípico e improvável da inteligente e ácida Lizzy com o ranzinza e presunçoso Darcy.
E é essa a premissa. Mas ela consegue ainda ir um pouco alem.

O filme se sustenta por seus temas e pelo fascínio que deram origem a filmes como O Diário de Bridget Jones, de um caso de amor improvável e fadado ao fracasso, que, contudo se sustenta e mais que isso vinga. Sem clichês imperdoável, e com aquele toque romancista aristocrático inglês sem igual. E claro, pela personagem forte de Elisabeth.
Ela não é a senhorita a espera de um casamento para salvar a família pobre. De suas quatro irmãs, Elizabeth é a mais sensata, a mais protetora, a mais despojada, a mais introspectiva e de riso fácil da família que busca nas filhas a chance de melhorarem de vida, dando suas mãos ao matrimonio a pretendentes ricos.
Situação essa, administrada e encorajada pela mãe protetora e controladora, mas sem agressões, sempre de forma jovial e amorosa.
E é ai que o tom muda, não há o fator pena pelas filhas, pois ambas aceitam seu destino, tudo pela fraternidade em família. Algo extremamente falho naquela época, naquela sociedade – é o que o filme vende.
Lizzy (Elizabeth) apesar de suas brincadeiras em fingir somente ver o bolso e nada alem disso de cada senhor aristocrático que se apresenta a frente, na realidade os observa e julga diante de tudo aquilo que a move sem perceber. Orgulho e Preconceito.
O tema é visto, relido e tratado de diversas formas e jeitos ali.
Seja no julgamento premeditado de uma beleza duvidosa, seja no julgamento premeditado de uma situação financeira e afetiva de um personagem, bem como de fatos, atos e motivações para tais. Isso se estende inclusive a cada caráter exposto durante o filme.
É um filme engraçado, levíssimo e que flui bem.
Por se tratar de um filme de época, romântico, logo se pode prever um filme parado e enjoado, repleto de diálogos de difícil entendimento e que exagera na trilha sonora orquestral. Pois é. Lembrem-se do titulo.
Não há nada nem remotamente preconceituoso numa leitura dessas. O filme possui narrativa rápida, fácil, sem diálogos repletos de firulas (alem das aceitáveis por se tratar de um filme de época), tem uma trilha sonora tímida, mas leve, uma fotografia bonita, bem como planos interessantes – destaque a cena da dança entre Darcy e Elizabeth em que o salão de dança esvazia-se sob o olhar e fascínio um do outro, enquanto a câmera literalmente dança junto aos convidados -, uma direção de arte acertada e comedida, bem como o trabalho de figurinos e iluminação.
A projeção se dá sempre com um gostinho de quero mais.
Destaque para a cena em que Lizzy visita à casa de Darcy e se encanta pelas obras e esculturas presentes na antessala.
Sem se utilizar de açucares ou tragédias gregas, o filme se eleva a um romance genuíno, divertido, nos moldes quase shakeasperianos – sem todos seus poemas e mortes claro – remontando o sentido de gênero romântico.
Um filme bonito, um romance.



Pride & Prejudice 
Reino Unido , 2005 - 127 min. 
Romance

Direção
Joe Wright

Roteiro
Deborah Moggach baseado em livro de Jane Austen

Elenco
Keira Knightley, Matthew MacFadyen, Brenda Blethyn, Donald Sutherland, Tom Hollander, Rosamund Pike, Jena Malone, Judi Dench


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