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domingo, 21 de abril de 2013

Critica: The Evil Dead (A Morte do Demônio) - 2013





The Evil Dead (no Brasil, ‘Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio’; em ‘Portugal, A Noite dos Mortos-Vivos’) é um filme norte-americano de 1981 escrito e dirigido por Sam Raimi. O filme teve duas sequências: Evil Dead II (1987) e Army of Darkness (1992), além de ser adaptado para um musical de teatro.

Cinco jovens vão passar um fim de semana em uma cabana isolada nos bosques de Tennessee. Os jovens tem estranhas experiências, obviamente causadas pela presença ali do Livro dos Mortos (o Necronomicon Ex Mortis, encadernado em pele humana e escrito em sangue), que logo encontram. Logo depois encontram um gravador. Dentro do mesmo a fita que foi gravada pelo dono da cabana (um arqueólogo), contém a tradução de algumas passagens do livro. Ao ser reproduzida (escutada) pelos estudantes, desperta os espíritos que estavam adormecidos e que habitam o bosque. Os espíritos começam a possuir os jovens um por um.

Com baixo orçamento, Evil Dead se tornou imediatamente um sucesso do gênero terror, pelo teor de violência e a inventividade das situações mesmo diante do pouco orçamento que o ate então estreante Sam Raimi e equipe, possuíam. Conforme os anos foram passando, este filme foi transformado em clássico absoluto do terror e do Trash, Cultuado por milhares de fãs de geração a geração.

Mais de trinta anos depois, The Evil Dead retorna, pelas mãos do estreante Fede Alvarez, sob a produção do próprio Sam Raimi, e o que se vê retornando é uma evolução de um gênero, uma reinvenção de uma trama exaurida cansativamente por anos, num filme superior a muitas coisas que se veem atualmente que consegue se unir a altura do original sem tirar seu legado e se firmando como um novo produto respeitável.

Chocante, perturbador, causa incomodo, nojento, violento, absurdo. Esses são os adjetivos que se pode extrair ao assistir esse remake de The Evil dead. A sinopse continua basicamente a mesma, a essência, porem com importantes e pertinentes mudanças de condução da narrativa.

(importante parabenizar o trabalho de divulgação do filme, que igualmente ao original vendeu e anunciou o filme como o filme mais assustador que veríamos na vida. Sensacional a condução de marketing)

São Cinco jovens que resolvem se encontrar numa antiga cabana isolada, a fim de ajudar Mia, uma dependente de drogas que esta passando pelo estagio de abstinência, se afastar da tentação.
Assim, seu irmão David e mais três amigos de ambos resolvem passar um final de semana ali.
Tudo parecia caminhar normalmente se não fosse um deles encontrar um antigo livro misterioso e macabro intitulado O Livro dos Mortos. Após ler um trecho do livro (“Kandar! Kandar!”) Estranhas forças maléficas começam a rondar a cabana.

A mudança do roteiro assinado pelo próprio Alvarez e Raimi além de Diablo Cody e Rodo Sayagues Mendez, se mostra totalmente eficaz aqui, ao introduzir mais complexidade e desenvolvimento aos personagens, coisa que no filme original ate pelo seu teor minimalista e posteriormente trash, não cabia. Mia é uma depende química, que carrega inúmeras complexidades com ela, inclusive numa relação conturbada com o irmão mais velho David. Este igualmente carregada magoas e transtornos pelas escolhas que fez, principalmente a de ‘abandonar’ a irmã e os amigos após a morte da mãe. Uma outra personagem que é enfermeira e carrega o estigma de sempre se sentir á sombra em sua profissão ao querer na verdade ter sido medica. São inúmeros elementos que doam peso a narrativa, a tornam mais verossímil e com um arco dramático que se sustenta ate o final sem se tornar redundante.

Outra mudança do original para essa nova versão é o tratamento dado ao Livro dos Mortos. Não mais feito de pele e sangue humano e sem a presença da fita gravada, o livro assume um papel importante aqui, muito mais do que no original. Uma vez que é nele que se encontram – feito uma bíblia do mal- passo a passo os atos que a narrativa do filme assumira. É por ele que nos guiamos diante de cada elemento que se apresenta ali.

 Mas sem perder a característica trash e absurda de ser, a produção do filme é inteligente ao ocultar certas informações e simplesmente ‘pular’ o tempo em algumas sequencias. Tudo ocorre meio que rápido demais. Afinal tudo se desdobra numa única noite. E mesmo que soe artificial e corrido, não se perde o foco ou  a linha condutora, pois justamente pela acertada ideia de preparar tão bem o inicio do filme- que se inicia com um fato ocorrido a anos atrás envolvendo a cabana e o livro dos mortos- o que se apresenta na tela fica subentendido tanto aos novos apreciadores da saga de terror criada por Raimi quanto para os antigos que reconhecem os elementos e se surpreendem de maneira satisfatória com as mudanças e evolução desta nova versão. O que importa é o visual e a tensão causada.
E nisso o filme dá um show e sabe bem o que fazer.

A fotografia do filme se destaca logo na primeira sequencia. As paletas de cores cuidadosamente delimitadas em tons escuros e borrados, mesmo quando as cenas são mais claras, são granuladas o que causa um contraste intenso assim que as primeiras gotas de sangue começam a jorrar. Iluminação e direção de arte igualmente bem feitas, elementos de cena – como o mesmo carro do original presente numa das cenas- são bem esboçados. Mas o ponto alto mesmo é a maquiagem e os efeitos visuais. São próteses e mais próteses extremamente realistas que causam verdadeiro choque e incomodo nas cenas de mais violencia, são membros arrancados, cortados, mordidos, massacrados, esmagados, tudo tão realista que causa aversão, mesmo sabendo que tudo é fictício.

Assim como os planos, tanto os  travellings quanto os planos abertos que conduzem bem o clima de claustrofobia nas cenas mais intensas e de aflição nas cenas mais assustadoras.
A trilha sonora é outro elemento que aqui fez toda a diferença, numa orquestração a altura do que é apresentado, fluindo no mesmo ritmo dos atos. Uma identidade visual forte.

E é no terceiro ato que o filme literalmente mostra que não é apenas um remake, mas sim um redescobrimento do gênero. Com total liberdade em nome da “licença poética’, o filme nos apresenta um ultimo ato repleto de sangue, ação, tensão e criatividade em inovar onde não se imaginava ser possível retirar nada mais- já que o gênero 'jovens, cabana e mortes,' já foi tão absurdamente explorado por anos-. 

Um final interessante de tirar o fôlego, que impressiona e deixa aquela raro sabor de querer mais.
Entre o crível e o absurdo The Evil Dead retornou não como uma simples copia do original, mas como uma releitura de todo o gênero criado pelo original, numa versão respeitável, admirável que soa como uma homenagem ao terror dos anos 80 com o sabor de saber usar a tecnologia e o avanço cinematográfico a seu favor – notem o uso da fonte para o titulo do filme no inicio e no final da projeção-.

Ainda contando com atuações correta de todos os atores, principalmente da jovem Jane Levy (Mia), que seguram bem a onda de serem naturais e exagerados na medida correta, The Evil Dead mantém o sabor de mescla de terror e humor que fez seu nome e adiciona boas doses de sobriedade e competência ao reinventar um clássico.

É extremamente gratificante quando vemos uma obra levada a serio, cuidadosamente planejada, pensada e conduzida. Mesmo o riso aqui é um riso nervoso, um riso aflitivo, um riso de olhos arregalados. Essa sensação é difícil de causar.

Uma chuva de sangue – literalmente- no mais do mesmo que se via por aí. Uma superação total de qualquer e toda expectativa. Uma aula de terror. Que não merece de forma alguma ser comparada a original e nem elevada ou rebaixado. Simplesmente posta lado a lado, tal qual o original; um legado bem feito.

Aos fãs do filme um enorme presente. Aos novos admiradores um achado tremendo. Aos realizadores uma salva de palmas banhados a gritos, sustos, risos, golfadas e KANDAR!

Trailer:



FICHA TÉCNICA

Diretor: Fede Alvarez
Elenco: Jane Levy, Jessica Lucas, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Elizabeth Blackmore
Produção: Bruce Campbell, Sam Raimi, Robert G. Tapert
Roteiro: Fede Alvarez, Diablo Cody, Sam Raimi, Rodo Sayagues Mendez
Fotografia: Aaron Morton
Trilha Sonora: Roque Baños
Duração: 92 min.
Ano: 2013
País: EUA
Gênero: Terror
Classificação: 18 anos











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